Agência FAPESP – O derramamento de óleo ocorrido em alto-mar entre fim de julho e início de agosto afetou mais de 2 mil quilômetros do litoral brasileiro, particularmente as praias do Nordeste. Em Pernambuco, o desastre pegou a todos de surpresa, inclusive pesquisadores – muitos deles especialistas nas áreas de exploração de petróleo, modelagem de simulação e afins. O desafio agora é avaliar riscos de comprometimento de praias, manguezais e estuários e de contaminação de pescados e mariscos, bem como buscar soluções para minimizar o impacto do desastre na economia.
“Já coletamos cerca de 4 mil toneladas de óleo”, disse José Fernando Tomé Jucá, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa de Pernambuco (Facepe). A areia, acrescentou, foi parcialmente limpa, mas o óleo é denso e parte dele está no fundo do mar ou preso aos arrecifes. “Cinco estuários foram contaminados, assim como manguezais.” Isso sem falar nos 15 mil pescadores em Pernambuco que tiveram sua atividade econômica afetada.
Para a análise dos pescados e mariscos, por exemplo, a Facepe já tem o apoio da Universidade de São Paulo (USP) e, para a avaliação da contaminação das praias e manguezais, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo.
Com o intuito de fortalecer a rede de pesquisa colaborativa entre os dois estados, a FAPESP a Facepe lançaram na última segunda-feira (11/11) uma chamada de proposta voltada a apoiar projetos relacionados ao tema “Acidentes Ambientais Petrolíferos – Prevenção e Mitigação”.
“A FAPESP tem feito um número crescente de colaborações com outras FAPs em assuntos relativos ao avanço do conhecimento e de novas tecnologias. Essa chamada com a Facepe abrange um tema de grande impacto social e requer boa ciência, boa tecnologia e ideias novas. A cooperação de Pernambuco e de outras FAPs será relevante”, disse Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo (CTA) da FAPESP.
Pesquisadores vinculados a instituições de ensino superior ou pesquisa de São Paulo e Pernambuco podem apresentar propostas em um dos seguintes temas: Mecanismos para contenção do avanço do óleo; Desenvolvimento analítico da caracterização, mapeamento e monitoramento dos impactos ambientais; Impacto sobre ecossistemas e sobre a população; Gestão voltada para impactos sociais, saúde e educação ambiental; Tratamento, com foco em remediação físico-química e biorremediação; e Disposição e aproveitamento do óleo removido.
Os projetos receberão apoio por até dois anos. O prazo para envio de propostas termina em 30 de janeiro de 2020. O pesquisador responsável no Estado de São Paulo deve submeter o projeto por meio da plataforma SAGe (www.fapesp.br/sage) e o pesquisador responsável em Pernambuco deve fazê-lo por meio da plataforma de submissão da Facepe (AgilFAP). A chamada está disponível em: www.fapesp.br/13741.
De acordo com o presidente da Facepe, os projetos e informações coletadas no âmbito dos projetos serão compartilhados com Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) dos estados atingidos pelo desastre.
Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.