Elton Alisson | Agência FAPESP – Os gestores de saúde no Estado de São Paulo carecem de sistemas integrados de informação, baseados em modelos preditivos, por exemplo, que lhes permitam se antecipar e controlar mais rapidamente surtos de doenças emergentes.
Para encontrar soluções para desafios da área da saúde e também dos setores de energia, agricultura, manufatura avançada, cidades inteligentes, segurança pública e meio ambiente, a FAPESP e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo lançaram a chamada Ciência para o Desenvolvimento.
Aberta até o dia 17 de fevereiro de 2020, a chamada financiará projetos de pesquisa internacionalmente competitivos, de médio e longo prazo, a serem executados por equipes de institutos de pesquisa e de universidades ou instituições de ensino superior, em parceria com órgãos de governo e, sempre que possível, envolvendo também empresas ou organizações não governamentais.
Os desafios de pesquisa e requisitos da chamada de propostas foram apresentados em evento na FAPESP, no dia 19 de dezembro.
“O edital busca selecionar propostas de pesquisa com resultados práticos, aplicáveis em curto prazo, que ajudem a solucionar alguns problemas de relevância social e econômica no Estado de São Paulo”, disse Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP.
Os projetos deverão ser elaborados e executados por consórcios de pesquisa – denominados Núcleos de Pesquisa Orientada a Problemas em São Paulo (NPOP-SP), – formados por pesquisadores das universidades, instituições de pesquisa públicas e privadas e empresas parceiras.
“Os núcleos de pesquisa ganharam esse nome porque queremos enfatizar que as pesquisas que irão realizar deverão ser orientadas a resolver ou minimizar problemas de relevância social e econômica no Estado de São Paulo”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.
“É importante que as propostas apresentem uma boa defesa da conexão entre a atividade de pesquisa e o problema relevante que se busca resolver ou minorar”, ressaltou Brito Cruz.
Cada proposta de NPOP-SP deve apresentar pelo menos três pesquisadores principais, sendo que pelo menos um deles deve ser vinculado a um instituto de pesquisa (público ou particular, desde que qualificado pela FAPESP) no Estado de São Paulo.
De acordo com Brito Cruz, serão especialmente valorizadas as propostas que, além desses requisitos, tiverem pesquisadores principais vinculados a universidades ou instituições de ensino superior no estado, além de empresas, órgãos de governo ou organizações não governamentais.
“Isso é um fator importante porque essas entidades serão as usuárias ou aplicadoras dos resultados das pesquisas. São os órgãos de governo que serão capazes de transformar os resultados em um projeto de lei, por exemplo, e são as empresas que podem traduzi-los em produtos ou soluções tecnológicas”, explicou Brito Cruz.
A chamada mobilizará R$ 400 milhões, uma vez que ao valor total oferecido pela FAPESP, de R$ 100 milhões, soma-se a exigência de cofinanciamento em igual valor pela entidade parceira que se dispõe a aplicar os resultados e mais R$ 200 milhões das instituições-sede dos Núcleos, na forma de contrapartida econômica. Os recursos serão aplicados ao longo de cinco anos.
Serão selecionadas até 12 propostas, cujo valor solicitado à FAPESP deve se referir aos recursos necessários para os cinco anos de operação do NPOP-SP. O valor da proposta por ano deverá ser de até R$ 2 milhões.
“Esperamos com esse edital, que representa um esforço para conectar o sistema de pesquisa do Estado de São Paulo a alguns desafios importantes para a população, que surjam projetos baseados em ciência avançada competitiva mundialmente”, afirmou.
Potencial de impacto
Segundo Patricia Ellen, secretária estadual do Desenvolvimento Econômico, as áreas selecionadas para o edital – saúde, energia, agricultura, manufatura avançada, cidades inteligentes, segurança pública e meio ambiente – são as que apresentam maior potencial de impacto dos resultados dos projetos e são estratégicas para o desenvolvimento econômico de São Paulo.
O setor agrícola, por exemplo, representa 15% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado e tem entre os principais desafios tecnológicos aumentar a produção com sustentabilidade ambiental.
“Para que os projetos que serão apoiados tenham os impactos desejáveis nesses setores precisamos superar desafios como de inovação com missão orientada e trabalho no modelo de pesquisa aplicada, que são os focos desse edital”, avaliou.
A chamada apresenta 14 desafios. Na área de infraestrutura, por exemplo, um dos desafios é desenvolver métodos para dimensionar a disponibilidade hídrica subterrânea dos principais sistemas aquíferos do estado. Já a área da segurança demanda uma solução que contribua efetivamente para a diminuição de roubos de carga em São Paulo, que, em 2018, geraram um prejuízo econômico superior a R$ 3,6 bilhões.
“Esses problemas demandam soluções complexas que, individualmente, uma empresa, universidade ou instituição de pesquisa não conseguiriam resolver. O edital permite reunir esses diferentes atores para buscarem soluções conjuntas”, avaliou Américo Ceiki Sakamoto, secretário executivo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
Durante o evento, representantes das secretarias de Agricultura e Abastecimento, Saúde, Infraestrutura e Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico e da Polícia Militar fizeram reuniões de atendimento a interessados em apresentar propostas de pesquisa para os desafios que relacionaram.
As propostas serão recebidas até 17 de fevereiro de 2020.
A chamada está publicada em: www.fapesp.br/13668.
Palavras-chave: Energia, Manufatura avançada, cidades inteligentes, saúde, segurança pública, meio ambiente, chamada